Primórdios
Os primeiros vestígios do homem nas ilhas ainda estão sendo debatidos. Teorias recentes sugerem que as ilhas, que às vezes podem ser vistas a olho nu da Sicília, poderiam ter sido visitadas por comunidades de caçadores-coletores. O povoamento permanente das ilhas ocorre há cerca de 7.000 anos atrás, quando os primeiros humanos se estabeleceram em Malta em vilas ao ar livre, como Skorba (imediações de Mgarr) e dentro de cavernas naturais, como Ghar Dalam (imediações de Birzebbuga). Essas pessoas trouxeram consigo uma mentalidade agrícola e vários outros recursos que indicam um bom nível de organização. Eles introduziram animais domesticados, colheitas e até cerâmica. Sua cerâmica indica que esses primeiros colonos eram originais do sudeste da Sicília, quando trouxeram consigo uma cerâmica do tipo Stentinello. Esses contatos introduziram novas comunidades, novos estilos de cerâmica, bem como a importação ocasional de obsidiana e sílex. Embora Malta pré-histórica seja bastante rica em restos materiais, não há muito o que data dessas comunidades primitivas. Algumas cavernas foram identificadas como tendo hospedado essas comunidades, mas não ofereceram nada de espetacular. Em Skorba, foram descobertos restos de cabanas, indicando que as primeiras comunidades trouxeram consigo o conhecimento de fazer tijolos de barro. Por volta de 3500 aC, os malteses começaram a erguer estruturas que foram precursoras dos famosos templos acima do solo.
Gruta de Ghar Dalam
Os templos
Os primeiros templos eram pequenos, construídos com pequenas pedras, mas já tinham o conceito de ter mais de uma divisão. Com o passar do tempo as pedras ficaram maiores e com isso toda a estrutura ficou ainda maior.As fachadas foram arquitetonicamente concebidas, o que indica que elas foram bem planeadas. As decorações internas eram interessantes e com várias lajes, pedras, altares e estátuas. Os túmulos não foram encontrados em abundância, embora os grandes complexos do Hypogeum e do Xaghra Stone Circle indiquem grandes necrópoles que atendiam às comunidades da região. A cultura dos templos chegou ao fim por volta de 2500 aC. Uma nova cultura chegou e introduziu costumes diferentes. Característico dessas pessoas é a localização de seus povoamentos, que tendiam a situar-se em colinas planas, cercadas por falésias para oferecer proteção natural. Alguns desses lugares também tinham paredes construídas no local de onde se podia esperar um ataque. Este é o primeiro exemplo de muro de fortificação erguido nas ilhas.
Templo de Tarxien e de Mnajdra, Qrendi
Influências Fenícias, Cartaginesas e Romanas em Malta
Os fenícios colocaram as ilhas de Malta no mapa do Mediterrâneo. Esses comerciantes da antiguidade chegaram a Malta para fazer uso de seus excelentes portos e comercializar com a população local. Provavelmente eles acabaram vendendo mais do que comprando, porque nesses estágios iniciais o comércio seria através da troca. Os fenícios parecem ter se estabelecido principalmente em torno das áreas portuárias e, provavelmente, fizeram uso de uma grande vila existente aproximadamente no centro de Malta. Eles introduziram o vidro, que se tornou um dos materiais usados para fazer jóias, além do ouro e da prata. Existem itens de joalheria, como colares decorados com pequenas figuras, brincos de ouro, pulseiras e anéis. Alguns dos itens recuperados foram importados e enterrados com o proprietário. A seguir aos fenícios, seguiram-se os cartagineses, que parecem não ter introduzido grandes mudanças na sociedade maltesa, pois a sociedade continuou a funcionar da mesma maneira, exceto que agora as influências do norte da África começaram a predominar, como pode ser observado no tipo de estruturas que sobreviveram e na cerâmica recuperada. Embora as ilhas tenham sido atacadas pelos romanos durante a primeira guerra púnica, foi somente durante a segunda guerra púnica que os romanos as ocuparam permanentemente. Foi no ano de 218 aC que se iniciou-se a longa ocupação romana das ilhas, que durou até cerca do ano 400 dC, quando as ilhas foram dominadas pelas várias tribos que invadiram o império romano. Posteriormente caíram na esfera de influência bizantina por volta de 535 dC. Os restos físicos desse período são mais interessantes e durante o final do século III dC, grandes complexos começaram a ser escavados a que agora chamamos de catacumbas. Estes foram utilizados pelas várias comunidades religiosas em Malta e os melhores para visitar são os complexos de St. Paul e St. Agatha. O Domus Romana é o principal local romano com vários artefatos interessantes, além de pavimentos em mosaico. Há também uma pequena coleção no Museu de Arqueologia da Cidadela, na ilha de Gozo.
Parte de um pavimento em mosaico romano - Domus Romana
São Paulo em Malta
O evento mais importante que ocorreu em Malta durante o período romano foi o naufrágio do Apóstolo São Paulo em 60 dC. Esse evento também colocou o nome de Malta na Bíblia Sagrada, onde todo o relato do naufrágio é contado nos autos do apóstolo. Ao longo dos séculos, os malteses criaram uma série de histórias, tradições e crenças folclóricas que continuaram a moldar a característica nacional dos malteses. Este evento é tradicionalmente apontado como a introdução do cristianismo em Malta e que os malteses nunca mais perderam sua religião cristã desde então.
O Naufrágio de São Paulo em Malta - por Stefano Erardi
Os Árabes
Parace que os bizantinos usaram as ilhas apenas esporadicamente e é possível que as ilhas tenham sido usadas como uma prisão política. O poder crescente dos árabes e o declínio dos bizantinos levaram a um século 9 muito difícil. Os árabes conquistaram uma cidade após a outra no norte da África. As ilhas maltesas não receberam de imediato a devida atenção dos árabes até 870, quando uma força árabe vinda da Sicilia invadiu Malta. Não está claro o que aconteceu exatamente, mas alguns estudiosos acreditam que as ilhas foram deixadas despovoadas, exceto por algumas famílias que viviam escassamente da terra e apenas foram repovoadas em meados do século XI. Outros historiadores acreditam que as ilhas permaneceram habitadas, embora com uma população menor.
Lápide de Marmore Árabe descoberta na ilha de Gozo
Os Normandios
Em 1901 o Conde Roger, o normando, atravessou a Sicília para tomar as ilhas maltesas, elas foram rapidamente conquistadas. Ele permitiu que os árabes permanecessem enquanto reconhecessem sua soberania e levou consigo os cristãos que queriam voltar para suas casas. Em 1127, seu filho, o rei Roger II, teve que retornar a Malta para reconquistar as ilhas, pois os árabes estavam se tornando um pouco problemáticos. O evento marcou a re-cristianização definitiva das ilhas, bem como a criação de contatos mais próximos com a Sicília e posteriormente com a Europa. O que foi introduzido na Sicilia acabou sendo adotado também em Malta. A Sicília e Malta passaram dos normandos para os hohenstaufens, os angevinos e, finalmente, os aragoneses que assumiram o controle em 1282.
Guerreiros Normandios do seculo 11
Os Aragoneses
As famílias aragonesas e catalãs chegaram a Malta e acabaram montando sua base aqui. Ainda hoje essas famílias fazem parte da nobreza das ilhas. Em Mdina, na altura a única cidade fortificada de Malta, foi estabelecida uma forma do governo local conhecido como universitas. Esta instituição medieval controlava os assuntos do dia-a-dia das ilhas e agia de acordo com os desejos do monarca. Seus deveres incluíam o de organizar a vigilância diária da costa e de se certificar de que as fortificações da cidade estavam dentro do padrão de segurança necessário. Eles tinham que garantir que havia comida suficiente em Malta e manter a correspondência, com a Sicília e até com o Rei onde quer que a corte estivesse localizada na época.
Florin de Ouro Aragonês
Outra instituição importante durante os tempos medievais foi a Igreja local. Juntamente com a universitas, administravam as ilhas e certas despesas foram divididas entre as duas instituições. A igreja principal era a catedral românica em Mdina. Muito pouco sobreviveu deste edifício que foi reconstruído como uma estrutura barroca após o terremoto de 1963. Havia várias estruturas ao redor das ilhas, mas elas eram bastante pequenas em comparação com as de hoje, a maioria foi construída para atender às populações rurais. Devido ao programa de reconstrução que ocorreu em Malta a partir de meados do século XVII, muito poucas igrejas medievais sobreviveram. Um dos melhores exemplos é o de Santa Catarina de Alexandria, em Zejtun. Andar pelas ruas estreitas e sinuosas de Mdina é um prazer que dá a sensação certa de viver nos tempos medievais. De pé em frente aos palácios, lendo os nomes das mesmas ruas, olhando os estilos arquitetônicos, fica-se com uma sensação de nobreza. A parte rural ainda é basicamente a mesma que era durante o século XV. Os pequenos campos separados pelas paredes rústicas típicas, as pequenas casas de fazenda com suas interessantes características arquitetônicas e os terraços não mudaram muito. No início do século XV, quando as ilhas ainda eram dadas aos senhores feudais, os malteses revoltaram-se contra um desses nobres estrangeiros. A revolta foi bem sucedida, embora tivessem que devolver o dinheiro que o senhor feudal emprestara ao rei aragonês, eles receberam garantias reais de que as ilhas não seriam mais cedidas como feudo. Com a unificação dos vários reinos espanhóis, Malta tornou-se parte de um império mundial. Em 1523 o rei de Espanha Carlos V e o imperador Romano já haviam sido questionados se ele consideraria vender as ilhas aos cavaleiros sem abrigo da ordem de São João.
O forte medieval de Mdina tal como era até 1565
A Ordem dos Cavaleiros de S. João
A Ordem dos Cavaleiros de S.João queriam comprar as ilhas, enquanto o rei D. Carlos V queria dar às ilhas um uso feudal contra o pagamento anual. Além das ilhas, os cavaleiros foram convidados a assumir também o controle do castelo de Trípoli. Em 1530 os cavaleiros aceitaram a doação e em outubro, o grão-mestre, o chefe da ordem de São João, chegou a Malta, dando início aos 268 anos de governo por essa ordem militar e hospitaleira. A Ordem era composta por cavaleiros de oito regiões diferentes, cada uma representando uma língua da Europa: Provença, Auvergne, França, Itália, Aragão, Inglaterra, Alemanha e Castela. Cada idioma tinha um de seus próprios membros designados como o grande prior. O primeiro grão-mestre a governar em Malta foi o francês Phillipe Villiers de L'Isle Adam e após este grão-mestre outros 27 grão-mestre dominaram a ordem e Malta. O último, o úúnico alemão escolhido, entregou as ilhas a Napoleão Bonaparte.
Pintura francesa do Sec XIX de L'Isle-Adam sobre a tomada de posse de Malta em 1530
A Ordem encontrou cerca de 15.000 ilhéus acostumados a viver frugalmente e sempre em perigo de invasões por corsários. Quando a ordem deixou Malta, a população havia atingido os 100.000 habitantes. A segurança que os cavaleiros ofereciam e o eficiente sistema de cuidados de saúde que eles criaram, asssim como os empregos disponíveis para muitos malteses, fez com que Malta vivesse uma Idade de Ouro. A ordem estabeleceu-se ao redor da área do porto, e o Forte S. Angelo no antigo castelo à beira-mar tornou-se sua nova sede. A pequena vila costeira de Birgu se tornou sua nova cidade. Eles construíram uma linha de fortificações para fornecer defesa adequada em caso de cerco e sob os muros do forte eles estabeleceram a sede de sua frota. Embora os principais quartéis dos cavaleiros tenham sido transferidos para a nova cidade de Valletta em 1571, a frota permaneceu em Birgu durante toda a sua estadia em Malta. Em 1551 uma grande força pirata posicionou-se e apreendeu a única fortificação da ilha de Gozo, a antiga Cidadela. Diz-se que toda a população foi levada à escravidão e apenas poucos conseguiram trepar as paredes durante a noite. Esse cerco foi considerado um percusor do que estava sendo planeado numa escala maior. Os cavaleiros iniciaram a construção de novas fortificações com maior seriedade como por exemplo o Forte de S. Elmo e S. Miguel foram construídos em poucos meses e outras fortificações foram adicionadas às linhas de muralhas então existentes, espiões foram enviados para manter o grão-mestre informado das intenções do inimigo. Suleiman o Magnífico, o sultão otomano, pretendia exterminar os cavaleiros de uma vez por todas. Suleiman havia sido magnânimo após a derrota dos cavaleiros em 1522, mas desta vez ele não mostraria a mesma generosidade.
O grande Cerco
A dezoito de maio de 1565, os soldados que vigiavam as fortificações, anunciaram a chegada da armada turca. Diz-se que cerca de 40.000 soldados desembarcaram em Malta, quando na altura havia apenas cerca de 8.000 homens em Malta, isto entre cavaleiros, mercenários e milicia local. A marinha precisava de um porto seguro e foi decidido começar o ataque pelo Forte St. Elmo, que guardava a entrada do porto de Marsamxett. Os ferozes bombardeios concentraram-se no sentido de reduzir o Forte St. Elmo a escombros, no entanto, de alguma forma, os defensores resistiram durante um mês inteiro. O grão-mestre enviava tropas novas quase todas as noites para manter essa resistência tão importante. Quando o forte caiu, as tropas otomanas voltaram sua atenção para as outras fortificações do outro lado do porto. Durante julho e agosto os ataques não pararam. Houve ataques individueis aos fortes, bem como ataques a todas as fortificações. A pequena força de socorro que chegou em julho foi considerada como um sinal muito bom de que as ilhas não haviam sido abandonadas à sua sorte. No entanto a grande força de socorro continuava sendo adiada. Chegou finalmente a 8 de Setembro, e desde que o cerco foi levantado que se celebra o dia da festa religiosa que comemora o nascimento de Nossa Senhora. O Grão-mestre, a Ordem, os soldados e os maltêses atribuíram sua libertação à ajuda divina. Desde então, esse dia se tornou um dia de festa nacional.
O cerco do Forte de St. Micael 1565 - de Matteo Perez d'Aleccio
Uma nova cidade-fortaleza
Após esse longo e quente cerco de verão, o Grão-Mestre de Valete escreveu para seus colegas europeus, onde ele agradeceu a todos pelo elogio, mas também lembrou que a Ordem precisava de ajuda material. O papa Pio V enviou imediatamente o seu próprio arquiteto militar, Francesco Laparelli da Cortona, que foi solicitado para preparar planos para a construção de uma nova cidade na península que separa o porto de Grand Harbour do porto de Marsamxett. Seus planos foram finalmente aceites, assim como um nome para a nova cidade, e em 28 de março de 1566, a primeira pedra foi colocada na nova cidade de Valletta. O trabalho era frenético pois ninguém queria ter uma fortaleza a meio, caso o inimigo decidisse retornar. As paredes foram as primeiras a começar a ser construídas. Laparelli deixou Malta logo depois e a supervisão do projeto foi confiada ao arquiteto maltês Gerolamo Cassar. As residências oficiais das várias línguas foram projetadas por Cassar. Havia também os palácios oficiais que a ordem precisava para a sua administração, bem como a igreja conventual, dedicada a São João Batista. Também foi construído um hospital em frente à entrada do Grand Harbour. Em 1571, a sede da Ordem foi oficialmente transferida para a nova cidade.
Mapa de Valletta no sec. XVI
A edificação de Malta
A vitória sobre as tropas otomanas marcou o renascimento das ilhas, e o efeito dessa vitória foi que a Ordem finalmente se comprometeu a ficar em Malta. A reconstrução de Malta começou a sério no início do século XVII, e foi iniciado um processo de construção de torres de vigia em locais costeiros e estratégicos. Isso proporcionou o sentimento e a crença necessários de que Malta era seguro para morar. Durante a sua permanência, a Ordem manteve um processo para aumentar e melhorar as fortificações.
Aqueduto construido pelo Grão Mestre Wignacourt em 1615, transportava água de Dingli e Rabat para Valletta
Em alguns lugares, um forte foi construído, enquanto em outros apenas se construíram pequenas torres para atuar como postos de vigia. Havia também os diferentes tipos de fortificações, como redutos e trincheiras. Como os lugares escolhidos pelos engenheiros militares eram estrategicamente sólidos, eles também eram usados pelos britânicos quando assumiram Malta. Os cavaleiros construíram uma incrível variedade de edifícios. Eles começaram com os edifícios simples característicos do século XVI, quando o sentimento era de austeridade, à medida que as ilhas estavam se recuperando do trauma do Grande Cerco. O estilo arquitetónico foi o Renascimento e o Maneirismo tardio, o que foi uma influência direta da tendência da Contra-Reforma para estilos simples e austeros. O barroco foi introduzido no século XVII pelo grande artista Caravaggio. Alguns anos depois, Francesco Buonamici, arquiteto de Lucca, introduziu o barroco na arquitetura.
Selmun Palace
A partir desse momento, não havia como voltar atrás. Os cavaleiros reconstruíram todos os seus principais edifícios e igrejas. Essa demonstração de poder também foi assumida pelos malteses, e até as pequenas aldeias começaram a reconstruir suas igrejas paroquiais no estilo barroco.
Logo se tornaram oficinas contínuas de escultura, pintura e outras decorações de interiores. Os tesouros artísticos que ainda podem ser vistos dentro das igrejas são uma afirmação do que aconteceu naqueles anos. No início do século XVII, um projeto para levar água a Valletta foi concluído graças à construção do aqueduto, que foi fortemente financiado pelo grão-mestre francês Alof de Wignacourt. Em 1675, uma epidemia de peste matou mais de 11.000 habitantes de uma população não superior a 60.000. Em 1693, um terremoto devastou o sudeste da Sicília e também atingiu as ilhas maltesas. Embora nenhuma morte tenha sido registrada, um imenso dano estrutural foi causado. O século XVIII viu a situação internacional mudar drasticamente. Com a Revolução Francesa, a Ordem perdeu praticamente na totalidade a sua independência, à medida que seu território ia sendo confiscado. Os territórios europeus da Ordem haviam apoiado financeiramente a permanência da Ordem e suas despesas de construção em Malta. Com menos renda chegando e mais cavaleiros idosos decidindo se aposentar em Malta, a situação financeira tornou-se terrível. No entanto, situações muito mais difíceis surgiram mais perto do final do século.
A Torre de St Thomas uma das fortificações do Sec. XVII, Marsaskala
A Ocupação Francesa
Napoleão Bonaparte queria ter Malta sob seu controle para usá-la como elo naval vital entre a França e o Médio Oriente e planejava invadi-la durante a sua campanha no Egito. Em junho de 1798, uma grande frota francesa ancorou nas ilhas. Os franceses pediram permissão para entrar nos portos para reabastecer os navios com água e outras necessidades. A Ordem, citando leis internacionais, disse que só permitiria que quatro navios entrassem nos portos. Isso foi tomado como uma recusa e a invasão foi lançada. Foi um caso unilateral, pois vários cavaleiros simpatizavam com o general francês. Também havia espiões dentro dos muros. Em poucas horas, a Ordem capitulou e Napoleão entrou triunfantemente em Valletta.
Durante os seis dias de Napoleão em Malta, ele emitiu uma série de regulamentos com os quais nem todos os malteses estavam de acordo. Ele prometeu aos líderes malteses e à Igreja respeitar os seus direitos e, no entanto, quebrou imediatamente essas promessas. A 2 de setembro de 1798, os malteses revoltaram-se. A revolta começou em Rabat e, dois dias depois, Mdina já estava sob o controle dos malteses. Isso permitiu aos Malteses bloquear as tropas francesas dentro de Valletta e as fortificações do porto. Procuraram ajuda do Reino das Duas Sicílias, e navios britânicos e portugueses foram enviados para ajudar. No entanto, o cerco levaria dois anos de sofrimento em ambos os lados das muralhas, até que os franceses capitularam e os britânicos dominaram Malta.
A chegada de Napoleão a Malta
Grã-Bretanha e Malta
As ilhas foram tomadas pelos britânicos por causa da sua importância estratégica. A frota britânica considerou o Grand Harbour e as instalações próximas excelentes para suas necessidades. O antigo pequeno estaleiro naval da Ordem foi ampliado e novas docas foram construídas. O Grand Harbour tornou-se o porto da frota britânica do Mediterrâneo.
Durante a Guerra da Independência Grega, no século XIX, as marinhas da França e da Grã-Bretanha fizeram uso das instalações portuárias, levando a muitas oportunidades de trabalho. Durante a Guerra da Crimeia, muitas tropas aliadas passaram por Malta, o que provou ser um bom entreposto temporário para o avanço para o leste. Durante a Primeira Guerra Mundial, Malta foi apelidada de 'Enfermeira do Mediterrâneo pelos serviços hospitalares prestados às tropas aliadas que precisavam de medicação e recuperação após as várias batalhas no Mediterrâneo Oriental. A Segunda Guerra Mundial deveria ser uma coisa completamente diferente.
O Rei Edward VII, na sua visita a Malta em 1903
Segunda Guerra Mundial
A essa altura, os aviões haviam sido introduzidos na batalha como parte essencial do cenário de guerra. Ataques aéreos tornaram-se possíveis e as ilhas não foram poupadas. No dia seguinte à declaração de guerra na Grã-Bretanha e seus aliados pela Itália sob o ditador fascista Mussolini, as ilhas foram atacadas.
Assim começou em 1940 o Segundo Grande Cerco de Malta, que durou até 1943, quando a marinha italiana se rendeu nos portos de Malta. A guerra causou muito sofrimento e destruição material nas ilhas, especialmente dentro e ao redor da área de Grand Harbour. Muitas pessoas saíram desses lugares perigosos. Outros cavaram abrigos de pedra nas valas dos vários bastiões dos cavaleiros. Famílias inteiras viveram e sobreviveram durante todo o período da guerra nesses abrigos.
La Valletta reduzida a escombros
Em 1942, Malta e seu povo foram premiados com a Cruz de George pelo rei George VI como um reconhecimento oficial da coragem da ilha. Essa honra também foi oficialmente reconhecida pelos governos malteses subsequentes e a Crus de George faz parte da bandeira nacional.
George Cross oferecida a Malta
Havia uma falta geral de comida, enquanto as forças armadas ainda tinham poucos suprimentos. Combustível e munição eram tão escassos que a munição era racionada. Até se falou em uma rendição iminente. Em Londres, foram feitos planos para enviar alguns materiais para que as ilhas aguentassem por mais três meses, caso a frota lá chegasse. Embora muitos navios tenham afundado durante a viagem de Gibraltar a Malta, cinco conseguiram sobreviver. Esta frota conhecida como Operação Pedestal foi o ponto de viragem da guerra para Malta. Posteriormente, mais frotas entraram no porto, com mais suprimentos de comida e munição. Um ano depois, as ilhas foram usadas para invadir a Sicília, revertendo completamente o papel de Malta na guerra.
Rescaldo da Guerra
A situação política mudou drasticamente. Os malteses pediramo um governo mais representacional e uma constituição muito mais liberal. Houve também o programa de reconstrução causado pelo enorme dano dos bombardeios aéreos. Enquanto isso, a Grã-Bretanha já planeava reduzir suas bases no exterior, o que afetaria drasticamente a economia local. Os vários governos malteses começaram a trabalhar na industrialização da ilha, além de dar mais importância à nova indústria do turismo. O trabalho político deveria levar à independência da Grã-Bretanha em 21 de setembro de 1964. As bases britânicas permaneceram em Malta, pois ainda era o período da Guerra Fria, e as instalações aéreas, militares e navais das ilhas eram consideradas muito importantes. Em 13 de dezembro de 1974, Malta foi declarada uma República dentro da Commonwealth, mantendo assim a conexão com a Grã-Bretanha. Cinco anos depois, em 31 de março de 1979, houve o encerramento final da base britânica em Malta. Pela primeira vez, nenhuma tropa estrangeira estava estacionada nas ilhas. Malta é membro de muitos fóruns internacionais, incluindo as Nações Unidas e a Commonwealth. Em 1989, o presidente americano George Bush e o líder soviético Mikhail Gorbachev terminaram oficialmente a Guerra Fria a bordo de um cruzeiro soviético na baía de Marsaxlokk. Em maio de 2004, Malta aderiu à União Europeia.